terça-feira, abril 29, 2003
O RenegadoMe lembro como se fosse ontem, nos meados da decada de 80. Todo dia acordava cedo, escalava as enormes grades do meu berço, me atirava la de cima e corria ate meu velotrol. Ele era lindo, representava tudo que havia de mais rebelde e selvagem na epoca, vermelho de rodas azuis. Eu subia naquela potente maquina, e saia por ai, sem rumo, sem destino, vagando a toda velocidade por campos desconhecidos. Nao haviam freios no meu velotrol, pois eu nao precisava. Tudo que ouvia era o som do vento roçando nas minhas orelhas. Passava por florestas enormes (vasos de plantas), tuneis extensos (mesa de jantar), canyons estreitos (dois sofas frente a frente), fugia de monstros medonhos (baba)... Nao tinha medo de nada, era o dono de tudo encima daquele velotrol. As vezes as aventuras se passavam no playground do predio, eu me deparava com outros renegados como eu, transpirando adrenalina. As mulheres aos suspiros me diziam "que fofo!", "que bonitinho!". Eu sabia que haviam segundas intençoes naquelas palavras, naqueles sorrisos, naqueles olhares de cao sem dono e sem pensar duas vezes respondia: "Oi baby, que tal uma voltinha no meu velotrol? E quem sabe depois dividir um leitinho..." - Israel Son - 11:10 |