quarta-feira, julho 02, 2003

Complot Rodoviário



Tem gente que nunca andou de ônibus. Tem gente que anda de ônibus todo dia. E tem gente, como é o meu caso, que anda casualmente (bicleta sai R$2,80 mais barato, considerando a ida e a volta). Enquanto não posso falar de dissecções humanas, demaios e bonitas garotas da faculdade. Meus maiores pensamentos estão relacionados com o clube, apartamento e principalmente o trânsito. Quantas vezes já não falei de ônibus? Sobre sexto sentido, terrorismo, emoção dos velhos, acidentes e mais algumas coisas sobre eles. Bem parece que anda havendo uma conspiração para que eu pare de tomar o ônibus. Talvez para que comece a desenvolver novas idéias. Talvez aquele "CAIO" (escrito em toda traseira de ônibus urbano), goste muito do meu blog, mas já esteja enjoado da palavra ônibus. Para em parte satisfazê-lo, vou à partir de hoje chamar os ônibus de autocarros. Como o fazem nossos amigos lusitanos. Dá pra percebera origem portuguesa pois "auto carro" parece um carro, que se move sozinho...e o ônibus, apesar de parecer um carro em diferente escala, não se move sozinho! Por isso, com um pouco de bom senso português, o ideal seria chamá-lo de ALTOCARRO...(carro alto) Ora poish poish, ag'ra sim p'rece milhorzinho, alto carrro!. E outra coisa, a palavra altocarro tem a versatilidade de poder ser utilizada no plural, diferenciando-se do singular...diferente de "ônibus" que é invariável!
Pois bem, como eu dizia, parece haver um complot contra meu hábito usual de andar de altocarro. Já vi assaltos, já fiz "passeios turísticos" involuntários por linhas erradas, já peguei altocarro muuuuuuito lotado (rock in rio, 3 horas dormindo em pé...animal..), demasiado tempo de espera, quebras, batidas, pessoas falando demais, pessoas falando de menos...ahh, péssimas experiências. Mas nesses dois dias houve apelação. Ontem de tarde, uma velha sentou do meu lado, se não bastasse usar o lado dela do banco, ela ficou me espremendo contra a janela com o seu cotovelo (ela procurava alguma coisa no bolso. Durante uns 20 minutos ela procurou alguma coisa no bolso...) cheguei a pensar que ela estava mexendo no MEU bolso...e olha que era uma Madame Velha...toda arrumadinha, cheia de classe...detesto velhos (a não ser aqueles velhinhos malucos e engraçados).
Além dos velhos, detesto gordos...e hoje mesmo, uma gorducha sentou do meu lado no altocarro. Nem preciso dizer que o corpo não se contentava em usar apenas a metade do banco que lhe era reservada, obviamente ocupava a parte dela, a minha e um pedaço do corredor. Eu procurei me encaixar em algum espaço no meio de todas aquelas dobras. Se não bastasse o esmagamento da caixa toráxica, o pouco ar que eu conseguia puxar estava cheirando muito mal...ela deve ter corrido atrás do altocarro pra entrar. Pensando bem, ela deve ter corrido até a barraquinha de cachorro-quente, depois até o carrinho de pipoca, passando pelos churros, caçou o vendedor de algodão doce, só então correu atrás do altocarro e finalmente fez um grande esforço físico para ultrapassar o temido obstáculo chamado roleta.
Finalmente, o último integrante do "TOP 3 detestáveis", criança chorona. Quem não detesta uma criança chorando senão a mãe dela? O próprio pirralho detesta SE ouvir chorando...Chora cada vez mais, para que alguém faça o que ele quer, para que não tenha mais ouvir o próprio choro irritante! É auto-flagelação! Certamente MUITO pior pras pessoas que não tem nenhuma relação parental com a criança, ou seja, sentimentalmente em potencial de estrangulá-la. Na verdade, ontem de manhã, tinha um garoto chato no altocarro, ficava falando "manhê isso, manhê aquilo e blá blá blá", mas não estava chorando...por isso, essa idéia de complot pode ser apenas uma incrível coincidência.
Sendo ou não um complot, já digo ao senhor CAIO e seus coleguinhas, que não vou deixar de usar o altocarro. E se pararem de enviar velhos, gordos e crianças chatas pra dentro dos meus meios de transporte, eu prometo fazer um esforço para evitar ficar falando dos ÔNIBUS.



- Número de vezes que a palavra "ônibus" foi usada (contando essa aí atrás): 11
- Número de vezes em que a palavra ônibus teria aparecido, se não fosse usada a palavra "altocarro" (sem contar essa aí atrás): 18
- Número de gordos sacrificados para a realização do post: 0
- Número de gordos que DEVERIAM ter sido sacrificados: 56 milhões e 1 (56 milhões são os americanos obesos, aproximadamente 20% da população total de ianques e 1 corresponde a mulher gorda de ontem).

OBS: Esse desenho não é meu...mas aquilo ali parece um gordo não? Chama "anger" a obra de arte do garotinho. Ele fez pra psicóloga dele.
- Israel Son - 01:59




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