segunda-feira, outubro 13, 2003

Privét, ródstvennaya duchá*



Andei pensando no assunto e acho que deduzi que acredito em alma-gêmea. Mas não acredito que exista apenas UMA alma-gêmea, seria mais algo do tipo "poligeminismo espectral"...
Acho que existem milhares de pessoas que combinam muito comigo, mas muito mesmo, ao ponto de poder chamar cada uma delas de "minha alma-gêmea". E entre essas milhares de pessoas, existe certamente UMA que se assemelha mais à mim do que as outras...seria essa a minha verdadeira CARA-METADE. Mas como eu disse, não preciso sair à procura dessa cara-metade em especial, pois poderia viver bem com qualquer uma das outras almas-gêmea. Sério, por exemplo, estou com uma pessoa que creio ser minha cara-metade, mas na verdade, não temos a mesma opinião quando se trata de metafísica das ostras. Certo, mas se não falarmos durante nossa vida juntos (e provavelmente não vamos), nunca saberemos que não somos realmente almas-gêmeas. Por isso acho que não é preciso procurar A CARA-METADE em especial, mas qualquer uma delas...e com certeza há um monte, mas nem por isso será fácil de achar.
Sei que há um monte de pessoas que nasceram no mesmo dia que eu, mas nunca encontrei nenhuma. Eu ouvi que nasce 1 pessoa por segundo no mundo...ou seja, haveriam entorno de 86400 pessoas nascidas no mesmo dia que eu...e nunca conheci nenhuma!
Então, mesmo acreditando agora que a chance de encontrar uma de minhas almas-gêmea é maior, sei que ainda não passa de uma pequena chance.
Pensei que talvez um dia, viajando pela Finlândia, avistasse uma provável alma-gêmea, sendo assim necessário aprender um pouquinho de finlandês, só por precaução...pelo menos aprender como se diz "oi" e "alma-gêmea" na língua dela. Mas aí percebi que talvez, quando encontrasse uma cara-metade, estivesse na Rússia dormindo num iglu e não na Finlãndia e, por causa disso, deveria aprender a dizer "oi" e "alma-gêmea" em russo também. Logo logo, me dei conta de que poderia estar pescando em Laos, plantando cacau na Costa-do-Marfim ou me convertendo ao Islamismo na Indonésia....e seguindo as probabilidades, percebi que deveria aprender a dizer "oi" e "alma-gêmea" em muitas línguas e dialetos, o que seria uma grande perda de tempo.
Pensei que talvez pudesse usar uma língua universal, como a matemática! Apontaria para minha suposta alma-gêmea e escreveria num papel "1". Depois apontaria para mim e escreveria "+1". E finalmente mostraria o cálculo todo para ela : "1 + 1 = 1". Talvez ela entendesse, talvez não. Decidi adicionar à matemática, a mínica. Decidi carregar comigo um espelhinho. Mostraria o espelhinho para minha suposta cara-metade. Colocaria o espelhinho na frente do rosto dela e apontaria para seu reflexo, em seguida apontaria para mim. Apontaria pro reflexo dela, em seguida para mim. Se ela ainda não entendesse, fingiria pegar algo sobre sua cabeça (como se agarrasse sua auréola), em seguida faria o mesmo com a minha auréola, e por fim, faria um gesto, como se juntasse as duas auréolas numa só, talvez ela entedesse, talvez não. Se após tanta coisa, seus olhos não me dissessem nada de convincente, não poderia ser uma das minhas almas-gêmea, porque alguém tão parecido comigo, entenderia.

* "Oi, alma-gêmea" em russo.



:: Ouvindo :: Friday's Dust, The Doves.

:: Rabiscos de cela:
- Israel Son - 17:34




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