terça-feira, fevereiro 17, 2004
We like youUma mania dispensável do ser humano é a de que querer deixar todo mundo feliz. Tipo festa de velho, ou pior, campeonato de velho. Onde o velhinho se mete a correr com garotos com 1/4 de sua idade e todo mundo aplaude no final, mesmo que ele chegue andando, quando aquele cara que fica gritando no microfone já foi embora e nem sequer têm mais lanchinhos pra dar na chegada. Esse negócio do ser humano de "o importante é competir". Tudo bem, em casos como o do velhinho aí encima é até aceitável, mas aplicar isso pra todo lado, é demais. Eu ouvi minha vó dizendo outro dia "se não quiser estudar vai acabar virando porteiro, lixeiro ou advogado... Claro que são profissões honrosas, porque todos precisamos de porteiros e blá blá blá...". Esse "blá blá blá" é dela mesmo, e eu achei engraçado uma vó de quase 70 anos ridicularizar um discurso padrão desses. Porque como eu disse, queremos agradar todo mundo, então ser porteiro, lixeiro e advogado é considerado uma opção de vida. E realmente minha vó tem razão, porque as pessoas têm preconceito com essas profissões, mas falam como se não tivessem. Ninguém decide que quer ser advogado, escolhe por falta de chances, que a vida infelizmente não dá para todos. "Mamãe mamãe, quero ser advogado", PAFT (bofetão), "Tenha respeito pelo seu pai menino, ele paga seus estudos!" Mas então, aonde eu quero chegar? Primeiro, falar mal de advogados. Segundo, gostaria de falar mal de jornalistas também, mas não encontrei uma maneira lógica de fazê-lo aqui nesse texto, fica pra uma próxima vez. Terceiro, quero criticar esse número absurdo de prêmios pra filmes que existem por aí. Oscar, grammy (acho que esse é pra música), globo de ouro, pipoca de ouro, palma de ouro (festival de cannes), melies de ouro, kikito de ouro, urso de ouro, leão de ouro e acabei de ver mais um chamado Bafta. Sério, isso é uma maneira de dizer "o importante é competir". Não ganhou oscar, nem globo, urso, pluma...então toma um Bafta! Uhu, todo mundo termina feliz. Apesar desse prêmio ser inglês, segue uma certa lógica francesa. Esse negócio de querer ser amigo de todo mundo, mostrar que se preocupa principalmente com o ser humano, é algo francês. E foi assim quando criaram os "Direitos Humanos", quando se ajudaram a fundar o que é hoje a ONU, quando opinaram sobre a China, Iraque, Afeganistão, Sudão, Eritréia, Congo, Sarajevo, Caxemira e muitos outros lugares. Porque francês adora opinar e dizer que se preocupa com todo mundo. E esses prêmios são formas de dizer: "Bem, vocês atuam mal pra cacete, mas nós gostamos de vocês viu? Pelo menos não viraram advogados Ha ha ha" e todo mundo fica rindo e bebendo vinho... :: Ouvindo :: I fought in a war, Belle and Sebastian :: Rabiscos de cela: - Israel Son - 01:59 |