sábado, julho 16, 2005

Rage



Se algum dia me vir sofrendo, dando meu sangue por alguma coisa, não pare e me fixe seus olhos tristes, porque não preciso de sua piedade.
Se algum dia achar que realmente vale a pena me esticar uma mão ou me dizer palavras carinhosas apenas porque acha que me encontro em maus lençóis, certifique-se de que em minha mão direita não há uma pedra, ou que em minha mão esquerda não tem lâmina qualquer, e que não irá aproximar sua goela de meus dentes, porque meu amigo, se algum dia vier a sentir pena de mim, juro pelo que for que vou pegar e dilacerar qualquer vida à minha volta.
Quem é você pra me estender a mão? Quem é você pra me dizer que não posso sair dessa sozinho? Quem é você pra me apontar o dedo e afirmar - és um fraco e por isso estou aqui - Não quero sua compaixão! Não quero sua ajuda e amaldiçoo os seus netos, seu cão arrogante, por esse leve sorriso cínico, você que me dizia amigo. Cuspo em sua mão estendida e esgoelo essa voz tão amigável, porque de onde quer que eu esteja, independentemente da profundidade ou escuridão, sairei por conta própria, com forças minhas e ai de você se ousar interferir.
Pode rir, pode até se gabar, mas nunca, nunca mesmo, tente se meter entre eu e minha dignidade.

"A small bird will drop frozen dead from a bough without ever having felt
sorry for itself" - Self-pitty by D.H. Lawrence



:: Ouvindo :: Cry Baby, Janis Joplin

:: Rabiscos de cela:
- Israel Son - 00:58




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