quinta-feira, março 12, 2009

Latissimum*



Não quero a criança
Que vê cores e sons
Sorri para o ruim e pinta de bom
Que nas lágrimas mata sede
E em dor se caleja.

Pequena felina despretensiosa
De sete vidas gloriosas
Que em cada sacrifício do amor
Apaga uma vela, acende duas novas.

Ingênua e tão bela
Feliz e singela
Que amputa uma alma,
Depois faz uma estrela.

Jovem maldita, que com alegria
Perpetua a tortura, em sua esperança
Vive de estóico toda desgraça,
Tira da estória sempre harmonia.

Acorda menina, que se importasse
Coração não pulava, grande e forte
Quente, frágil e imprudente
Tão prepotente e desprotegido
No meio do peito.

Leva o coro, deixa-me o couro
Carrega tua vida pra longe de mim
Larga-me assim, bruto e mortal
Com pouco a perder.

Deixa-me, leva contigo essa aura
Me larga na aurora como pedra de gelo
Que encontro aconchego,
Até minha hora.

*escondido, selado, protegido



:: Ouvindo :: Umbrella - Vanilla Sky (cover)

:: Rabiscos de cela:
- Israel Son - 22:06




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